terça-feira, 10 de abril de 2018

Mídias convergentes? Que bicho é esse?


É mídias convergentes pra lá, mídias convergentes pra cá. Os suplementos de informática não se cansam de falar no assunto. Debates calorosos incendeiam universitários e professores de comunicação. Os Diários Associados puseram lenha na fogueira. Lançaram o Manual de redação e estilo para mídias convergentes. “Que bicho é esse?”, perguntam leitores curiosos.

O manual dos Diários Associados ajuda na resposta. A questão tem tudo a ver com a internet. A rede de computadores se parece com aquelas bonecas russas metidas uma dentro das outras. Conhece? A grande mãe é a web. Nela há de tudo — jornais, blogues, sites, portais, livros, revistas, enciclopédias, rádios, tevês, fotos, filmes, músicas. A matriarca virou o mundo da escrita e da leitura pelo avesso. Quem escreve tem de ter em mente que o texto pode ter destinos muiiiiiiiiiiiiiito diferentes dos originais.
Redações escolares, provas de concurso, sentenças judiciais, artigos de jornal, discursos políticos, publicações do Diário Oficial — tudo alça voo. Podem ser lidos por um locutor e virar podcasts. Podem ser postados na internet. Podem ser vertidos automaticamente para outras línguas graças ao Google Translator. Eis o desafio: a linguagem original tem de estar atenta à nova realidade.
                                                    Admirável criatura nova

A relação autor-leitor se divide em dois tempos — antes da internet e depois da internet. Antes da internet, o autor era dono e senhor do texto. Definia a introdução, as trilhas do desenvolvimento, a hora da conclusão. O leitor recebia o prato pronto. Ou o consumia. Ou o deixava de lado. Nada mais podia fazer contra a ditadura da linearidade imposta pela página escrita.

Depois da internet, a história mudou de enredo. A ordem perdeu o rumo. O caminhar em linha reta deu a vez ao navegar. Imprevisibilidade é a tônica. Trechos de texto se intercalam com referências a outras páginas. Um clicar muda a sequência, o código, o enfoque. O leitor assume o protagonismo. Escolhe o que ler, quando ler, por onde começar, onde interromper, em que hora parar. A planura da folha de papel cedeu o lugar a espaço plural. Ali o internauta tem acesso simultâneo a textos, imagens, vídeos, sons, animação. Mais: pode brincar com eles. Modifica-os, reorganiza-os, interage com um, dois ou todos. Em suma: rege os elementos da comunicação. Tanto poder gerou uma admirável criatura. Conhecê-la é preciso. Dá senhora ajuda a quem quer escrever para ser lido.
Autora:Dad Squarisi

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